DiVersos nº29

Ao vigésimo terceiro ano de publicação da DiVersos, neste n.º 29 incluem-se vinte poetas, oito dos quais em tradução. Desde o número 16 optámos sempre que possível por incluir os poemas traduzidos precedidos do texto na língua original, no sistema face-a-face: à esquerda, em página par, o original; à direita, em página ímpar, a versão em português. Hoje, pela primeira vez em dois autores traduzidos, há uma terceira língua, intermédia, ou de transmissão, pelo que, para esses casos, optámos por uma apresentação em sequência, e não face-a-face, que se tornaria impraticável. Em Adam Zagajewski, surge primeiro o texto da versão portuguesa, em tradução de Francisco J. C. de Carvalho, em seguida a versão em castelhano, que serviu de correia de transmissão, e, finalmente, o original polaco. Em Stefano Marino, vem, à cabeça, o original em regino – para todos os efeitos uma língua em si, mais do que um dialeto, como vulgarmente se lhe chama, se considerarmos critérios propriamente linguísticos mais do que políticos, como nas línguas oficiais dos Estados. E em seguida, em tradução do próprio autor, a versão em italiano, seguida por fim da versão em português de António Fournier.

Páginas: variável (166 no nº29)
Preço: 10€
ISSN: 1645-474X

O recurso a línguas de transmissão – designação que não se aplica no caso de Stefano Marino pois, para ele, tanto o regino como o italiano são línguas suas, embora a primeira um pouco mais materna que a segunda – é um recurso frequentemente utilizado em tradução de poesia, sobretudo em línguas mais afastadas da nossa, mas que até agora não tinha sido quase utilizado na DiVersos. Embora o cotejo com traduções noutras línguas seja utilizado com frequência, vieram até agora ter connosco, sempre benevolamente, ou fomos nós ao encontro deles, tradutores que, mesmo que recorram ao cotejo, têm conhecimento da língua de partida. A ideia era incentivar o conhecimento de poesia nas línguas originais e dos respetivos tradutores.

Com as versões bilingues e, como agora, até trilingues – o que quase de certeza permanecerá excecional –, a maior parte dos leitores que as não conhece (e serão quase todos nas que mais se afastam da nossa) pode no entanto «vê-las», o que é já dar-lhes uma presença que de outra forma não teriam. É uma opção arriscada, mas que para nós faz sentido.

Com este precedente na tradução de Adam Zagajewski, outros casos poderão ser suscitados de recurso a línguas de transmissão. O tradutor que a ele recorre realiza um trabalho tão importante como o que traduz diretamente da língua original, sobretudo nos casos em que, sem esse recurso, aqueles poemas concretos ficariam menos presentes na nossa língua. Em vinte autores, neste número, oito traduzidos trazem-nos à presença oito línguas diferentes: polaco, por via do castelhano, grego (com dois autores), francês, catalão, italiano (com dois autores), dinamarquês, e regino (por via do italiano).

Dos doze autores restantes, com originais de língua portuguesa, Glória Sofia é cabo-verdiana; Carlos Sousa Almeida, Isabel Carvalho, Joaquim Simões, Luís de Morais Sarmento, Maria Okeanida, Sara Santos são portugueses, pela primeira vez presentes na DiVersos; Ruy Ventura e Nuno Rebocho, já por várias vezes; Marcelo Benini e Teresa Du’Zai são brasileiros ambos pela primeira vez nesta publicação ao passo que Renato Suttana teve aqui já várias presenças.

Assim, este número representa um pouco o modelo de que nos procuramos aproximar, embora sem o conseguir sempre: uma presença tão significativa ou quase de autores traduzidos como de autores de língua portuguesa; e, entre estes, autores oriundos de diversos continentes e países; quanto aos autores traduzidos, uma variedade de domínios linguísticos, embora alguns deles, pela força das coisas, mais frequentemente presentes que outros.

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