Para além de referências históricas e literárias, a desmontagem do mito de inês, a releitura das personagens. A claridade e a limpidez da poesia de Dempster são, por si só, fatores de deslumbramento, alinhando este livro com os mais belos representantes da tradição inesiana.
Autor: Nuno Dempster
Páginas: 72
Preço: 10€
Ano de edição: 2011
ISBN: 978-972-8870-31-7
Coleção: MeteoRitos – Poesia
Pedro e Inês: Dolce Stil Nuovo não é o que pode parecer ao leitor que repare na segunda parte do título. Ser ainda coetâneo do casal trágico, de que o livro trata em cinquenta e cinco poemas, e os decassílabos em que vêm escritos são os únicos factos que o doce estilo partilha com este livro. A razão de tal inclusão no título parece revelar, por antinomia, certa irreverência premeditada, porque, se a métrica segue a daquele movimento medieval, já o recusam a linguagem poética do autor e a oposição às ideias do doce estilo acerca do amor e, por extensão, ao sentimento ideal que Pedro e Inês suscitam.
Tanto que o autor refere o nosso tempo como causa do desencanto que, pela evidência da realidade, incapacita o voo sentimental em volta do imaginário que envolve esse amor. E é assim que o poeta traz Pedro e Inês para o tempo de hoje, encarnando-os quer em personagens e situações vulgares, quer na aspiração de amor dos vivos, quer ainda numa ou noutra emergência política comum no nosso presente e passado próximo. Temos ainda as epígrafes de abertura. Referem o mito. A primeira, o de Pedro e Inês; a seguinte, Roland Barthes, segundo o qual os mitos deformam e desviam a realidade.
O Dolce Stil Nuovo do título, que é um anúncio ao contrário, as epígrafes iniciais e aqueles poemas parecem assumir-se como chave da obra: a desmontagem do mito inesiano e da sua aura, tornando este livro uma anti-glosa da vasta poesia escrita sobre o assunto.