Gloria Victis – Não-poemas

Quem são estes vencidos cuja glória se invoca?  Os que sentem estes não-poemas como uma decifração do seu destino? A contracorrente de uma ilusória «poetização» da vida e do mundo, eis uma voz que chama de novo ao sentido da realidade, que revela o poético onde se julgaria encontrar o mais banal.

Autor: Carlos Garcia de Castro
Páginas: 128
Preço: 10€
Ano de edição: 2007
ISBN: 978-972-8870-14-0
Coleção: UniVersos

Carlos Garcia de Castro, poeta com livros editados desde 1955, publica agora uma obra que designa de «Não-Poemas» e a que dá o título de GLORIA VICTIS. Editado por um pequeno editor independente, que edita já a série DiVersos – Poesia e Tradução, fundada em 1996, o livro integra-se na coleção de poesia UniVersos. Paradoxo?

Sim e não. Porque estes «Não-Poemas», colocando-se embora a contracorrente de algumas tendências hoje dominantes, são de facto poesia que revela o poético onde se julgaria encontrar o mais banal. Algo que nos permite aproximar o Autor de espíritos como Cesário Verde ou João Cabral de Melo Neto, por exemplo.

Neste Glória aos Vencidos, que não se ofusca com as gloríolas dos «vencedores» e lhes recusa a «vitória», Carlos Garcia de Castro convida também indiretamente a refletir sobre os caminhos e descaminhos da poesia atual.

Alguns dos temas deste livro são pouco comuns, a vertente descendente da velhice («katabolé», capítulo 5), por exemplo, ou a dimensão conjugal e familiar, ou, ainda mais raro, o entrecuzar de ambas. A figura do poeta sai talvez banalizada, mas, por isso mesmo, engrandecida: «um ser comum, que é o que a morte faz de todos nós».

Apesar de uma aparente e ilusória banalidade, estamos perante uma poesia extremamente elaborada, assente no restauro da versificação e na métrica do decassílabo, numa invocação do versum primordial desprovido de rima que se encontra no fundamento do clássico em poesia. Classicismo e quotidiano, uma proximidade que pode surpreender, mas que resulta aqui em vivacidade e harmonia, penetradas de uma cultura desprovida de exibicionismo cultural.

Sob muitos aspectos, estes «não-poemas» são afinal um convite ao regresso à poesia.

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