Transformar a Economia – Desafio para o Terceiro Milénio

Como poderemos nós dar nova forma ao nosso sistema económico para que ele vá ao encontro das necessidades das pessoas e da Terra no século XXI? Neste Caderno, James Robertson aponta medidas para construir um mundo mais saudável e com maior igualdade e identifica caminhos chave através dos quais as pessoas podem trabalhar em conjunto com vista a transformar a economia da alimentação e da agricultura, do trabalho e dos meios de subsistência, do desenvolvimento local, das viagens e dos transportes, da energia, da tecnologia, da saúde e do comércio internacional. Lança ainda questões inovadoras sobre impostos e tributação para uma economia mais sustentável.

Autor: James Robertson
Páginas: 80
Preço: 8€
Ano de edição: 2007
ISBN: 978-972-8870-07-2
Coleção: Cadernos Schumacher para a Sustentabilidade

As pessoas estão cada vez mais a dar-se conta da forma como funciona o sistema monetário, bancário e financeiro – que é irreal, incompreensível, irresponsável, explorador e fora de qualquer controlo. Porque haveriam elas de perder as suas casas e empregos em resultado de decisões financeiras tomadas em regiões longínquas do mundo? Porque deveria o sistema monetário e financeiro nacional e internacional implicar a transferência sistemática de riqueza dos pobres para os ricos, e dos países pobres para os países ricos? Porque é que alguém em Singapura deveria ser capaz de jogar na bolsa de Tóquio e provocar o colapso de um banco em Londres? Por que razão, ao receber uma pensão de reforma, teriam as pessoas que confiar em conselhos corrompidos pelo interesse próprio dos conselheiros? Porque é que vemos jovens, a comercializar derivados na City de Londres, que ganham bónus anuais superiores ao orçamento anual total de uma escola primária? Teremos nós que ter um sistema monetário e financeiro que funciona dessa maneira? Até mesmo o financeiro George Soros afirmou («Capital Crimes», Atlantic Monthly, Janeiro de 1997) que «a intensificação irrestrita do capitalismo do laisser-faire e a extensão dos valores de mercado a todos os domínios da vida está a pôr em perigo a nossa sociedade aberta e democrática. O principal inimigo da sociedade aberta, creio, já não é a ameaça comunista mas a ameaça capitalista».

Esta consciencialização crescente das deficiências atuais é acompanhada de uma consciencialização crescente das possibilidades futuras. Ao longo dos séculos, o dinheiro evoluiu de concreto a abstracto – de barras e moedas de metal às notas e aos cheques de papel, e agora a números armazenados electronicamente em ficheiros de computadores e electronicamente transmitidos entre estes. Chegado a esta fase – com a transformação da grande maioria dos ativos e dos débitos monetários e financeiros em movimentos de contas computorizadas, e da grande maioria das transações monetárias e financeiras em mensagens electrónicas que debitam e creditam as contas do pagador e do creditado – a nossa compreensão colectiva do dinheiro e da sua função na vida económica está a atingir um momento crítico.

Cada vez se torna mais evidente que o sistema monetário e financeiro é basicamente um sistema de informação – um sistema de contabilidade (ou de pontuação) que indica os direitos que nos assistem uns relativamente aos outros no uso de bens e serviços, quer agora quer no futuro, e nos capacita a trocar um tipo de direitos (por exemplo, dinheiro numa conta bancária) por outro tipo de direitos (por exemplo, uma apólice de seguros ou uma ação numa empresa). O papel futuro da internet neste sistema de pontuação e informação monetária está já a ser amplamente debatido.

Nas próximas décadas, as questões acerca da natureza e funções do dinheiro tornar-se-ão mais prementes. O que é o dinheiro, e para que serve? Deveria ele refletir valores objectivos, ou deveria ser reconhecido apenas como uma ferramenta prática para facilitar as trocas entre pessoas? A quem pertence o sistema monetário, e perante quem deveriam ser responsáveis aqueles que o administram? Porque funciona ele hoje tão mal?

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