A Menina do Alto Mar e outros contos

Oito maravilhosos contos fantásticos para jovens e adultos a partir dos 13 anos. Uma ponte entre o imaginário sul-americano das vastas pampas,  o imenso oceano e a elegância parisiense, por um dos maiores escritores franceses do século XX.

Autor: Jules Supervielle
Páginas: 124
Preço: 10€
Ano de edição: 2005
ISBN: 972-8870-06-X
Coleção: Alegria de Ler

Como se formara aquela rua flutuante? Que marinheiros, ajudados por quais arquitetos, a tinham construído no alto Atlântico à superfície do mar, acima de um abismo de seis mil metros? Aquela longa rua com casas de tijolo vermelho tão descoloradas que adquiriam uma tonalidade acinzentada, aqueles telhados de ardósia, de telha, aquelas humildes lojas imutáveis? E aquele campanário tão rendilhado? E aquilo que não continha senão água do mar e queria sem dúvida passar por um jardim rodeado de muros, ornados de cacos de garrafas, por cima dos quais saltava por vezes um peixe?

Príncipe dos poetas designado pelos seus pares em 1960 após a morte de Paul Fort, a obra poética de Jules Supervielle entrou em 1996 nesse panteão literário que é a Bibliothèque de la Pléiade. Mas Supervielle foi também um grande prosador, como revela esta coletânea de contos A Menina do Alto Mar, que une o brilho e a elegância francesa à fantasia sul-americana, estabelecendo uma fecunda ponte entre Paris e Montevideu, onde nascera e aonde voltou repetidamente. Como Isidore Ducasse, conde  de Lautréamont, e como Jules Laforgue, Supervielle transporta consigo essa dupla herança. Muito viria depois a navegar entre as suas duas pátrias e as suas duas culturas.

O mar, tão presente em vários dos contos incluídos neste livro, é para ele talvez o único lugar em que se sente em casa. De facto, o seu verdadeiro lugar parece estar a meio caminho entre a América e a Europa, entre a vida e a morte, como a «aldeia sobre as vagas» que A Menina do Alto Mar, o seu conto mais célebre, situa no coração do oceano. Curiosamente, este conto retoma a ideia de «aldeia sobre as vagas» já anteriormente presente num dos seus poemas.

Os oito contos aqui reunidos exprimem bem uma característica do temperamento literário de Supervielle, uma espécie de oscilação entre o familiar e o insólito, que caracteriza o seu tipo especial de fantástico. A realidade mais próxima revela-se a uma luz inusitada: «O céu debruça-se sobre a Terra e já não a reconhece/ Como uma mãe a quem durante a noite tivessem trocado por outro o filho», escreve algures num dos seus poemas.

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