DiVersos nº37

DiVersos nº37

Quase em vésperas do seu 30.º aniversário, a DiVersos publica o seu 37.º número, com a habitual abertura à poesia de autores em língua portuguesa e à poesia traduzida de várias línguas e cantos do mundo.

Quanto aos primeiros, completamos agora a miniantologia que dedicámos à memória de António Salvado (1936-2023). De língua portuguesa, pela primeira vez na DiVersos, David Rodrigues, autor de vários livros de poesia e professor catedrático aposentado, pianista de jazz, dedica-se em particular à poesia haiku. De Gonçalo Salvado, introduzimos a primeira de duas partes de uma miniantologia, a primeira das quais com poemas apenas em português, ficando para o n.º 38 uma segunda parte com poemas em português e traduções de poemas seus para o castelhano, o árabe e o hebraico.

De João Taborda da Gama, que como nota biográfica opta por um «etc. etc. etc.», inserimos poemas que pediriam, alguns, diz José Lima que o convidou, para ser publicados como legendas de uma imagem. Hélas, a DiVersos normalmente não inclui imagens… Mas não obsta! Mara Rosa andou pela Amazónia brasileira e em pesquisas arqueológicas, e, regressada ao seu Alentejo natal azul-ultramarino, dedica-se também à arte do barro. Maria Estácio Marques destaca como o mais determinante para si a leitura de quase toda a obra de Carl Gustav Jung, designando-se convictamente como «poetisa», termo de que se não envergonha apesar da moda atual de recorrer ao masculino «poeta». Romeu Foz, com raízes em Amares, Minho, lugar que vê como seu lar no mapa das afetividades, é doutorado em Estudos Lusófonos, e traz-nos uma poesia que faz do mar um chão e do chão um mar. Rui Pedro Cardoso pertence à rara estirpe, ou não tão rara, dos engenheiros poetas. «A Solidão do Marido» (estirpe não tão rara?) é o título que deu a um conjunto de poemas de que foram extraídos os que enviou à DiVersos.

Ainda de poetas que escrevem em português, e já antes constantes da DiVersos, Mariana Ianelli reside em São Paulo, Brasil; Ronaldo Cagiano, vindo também do outro lado do Atlântico, de Cataguases, Minas Gerais, fixou residência em Portugal. Mariana fala-nos da «flor de Marte» e da «Terra à míngua», Ronaldo afirma que «a vida não tem métrica, mas tem «infância» e «assimetria».

Falamos agora da tradução de poesia, um dos dois pilares da DiVersos. De um modo mais específico, na página seguinte, «Do Editor». Neste sumário, e com frequência na DiVersos, temos Maria do Sameiro Barroso, ora traduzida para outras línguas, ora traduzindo para português poetas de outras línguas, ora escrevendo originalmente noutras línguas e traduzindo-se ela própria para português e convidando, por via do inglês, poetas de outras línguas a traduzi-la. Neste número, tudo isso se passa de uma só vez, a partir de um poema por ela escrito em alemão, e traduzido, entre muitas outras, para duas novas línguas na DiVersos: o siciliano e o malaio.

Francisco José Craveiro de Carvalho, poeta, e tradutor de poesia unicamente por gosto, traz-nos neste número o poeta americano Robert D. Wilson, veterano da guerra do Vitenam, e residente nas Filipinas, um poeta que aprecia a brevidade e concisão do haiku, de que foram traduzidos 20, e da tanka (um pouco mais longa: mais dois versos…), de que traduziu 11. Francisco José Craveiro de Carvalho é ele próprio autor do livro Cinco, que adota a tanka como forma, publicado pelas Edições Sempre-em-Pé.

Na habitual rubrica «Publicações Recebidas», destacamos três poetas portugueses, de cada um dos quais selecionámos um poema: Guilherme de Faria (1907-1929), que José Rui Teixeira (Officium Lectiones Edições) tem vindo a colocar no elevado lugar que deve ser o dele; manuel maria aboim (assim, em minúsculas) e José Viale Moutinho (ambos nas Edições Afrontamento).

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DiVersos nº36

DiVersos nº36

Apenas 120 páginas desta vez. E apenas nove autores de língua portuguesa; somente quatro tradutores e somente três autores traduzidos. Com exceção do número de páginas (esse sim, resultante de uma defesa face à inflação), a redução não é intencional, deriva antes da extensão maior, circunstancial, de alguns autores, por opção do editor. É o caso sobretudo da miniantologia de António Salvado – que é também uma homenagem – e que é apenas, por agora, metade do que tencionamos publicar, a completar no n.º 37, previsto para a primavera-verão de 2024. E é igualmente o caso de Deodato Santos, cujas Variações podem surpreender pela arrumação fragmentária e pela multiplicidade de perspetivas, mas que nos pareceram só ganhar sentido se inseridas na íntegra.

Outros autores de língua portuguesa: Ana Isabel Mouta, de quem já há alguns anos se incluíram aqui alguns poemas, e de cujo primeiro livro, Paiol, no prelo, selecionámos alguns outros; Eduarda Chiote, com um longo poema (um poema de poemas) dedicado a Arnaldo Saraiva, escrito no tempo de casulo que foram os confinamentos da pandemia de 2020; e Luísa Palma, que publicou na DiVersos várias vezes desde o n.º 3, uns «escritos breves como breves são as nossas vidas» onde ecoa o timbre alentejano e suas lonjuras.

Pela primeira vez na DiVersos, mas com obra há muito firmada, Diogo Vaz Pinto, convidado por José Lima, que dele escolheu poemas retirados do blogue do Autor e um deles do seu livro mais recente, Sombra Selvagem; e Joaquim Saial, com vasta obra de erudito e investigador além de poeta, de quem aqui trazemos uma «Balada da hora de ponta», na qual humor e realismo se entretecem, e dois poemas da série «Poemas do Rock’n’Roll», que evocam Bob Dylan e Ginger Baker.

Quatro tradutores, dissemos. Dois deles do português para outras línguas, com poemas de António Salvado traduzidos para o japonês por An Oshiro, e para o romeno por Elena Liliana Popescu. Pela mão de Francisco José Craveiro de Carvalho, de outras línguas para o português: do castelhano, alguns poemas de Eloy Sánchez Rosillo, e do alemão, de Michael Krüger, tomando como ponte a versão inglesa de Hans-Christian Oeser.

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DiVersos nº33

DiVersos nº33

A DiVersos é feita com aqueles a quem chegamos e nos recebem e acolhem, e com aqueles que vêm ter connosco espontaneamente.
Neste número 33, atribuído ao período da sua finalização, o outono de 2021 e o inverno de 2021-22, encontramos cinco poetas do Brasil (Adri Aleixo, Adriane Garcia, Ana C Moura, Demetrios Galvão e Francesca Cricelli, esta atualmente residente na Islândia – do calor tropical ao frio nórdico), nove poetas portugueses (Amadeu Baptista e Cristino Cortes, ambos com excertos de livros recentemente publicados; Deodato Santos, Eduarda Chiote, Emerenciano — este um artista plástico e poeta visual, Fernando Henrique Barros, Manuela Nogueira, Maria do Sameiro Barroso e Rui Magalhães), e um poeta angolano radicado em Lisboa, Zetho Cunha Gonçalves. Ou seja, 15 poetas de língua original portuguesa.

Excecionalmente, neste número, apenas aproximadamente um quarto dos autores é proveniente de outras línguas (do grego moderno, Giorgos Sarantáris, traduzido por Maria da Piedade Maniatoglou; do islandês, Guðrið Helmsdal, traduzida por Luciano Dutra, poeta brasileiro radicado em Reykjavík há vinte anos; Mark Young, poeta australiano de língua inglesa; Ron Winkler, poeta de língua alemã traduzido por Viviane de Santana Paulo, nascida em São Paulo e radicada em Berlim; e Tahar Bekri, poeta tunisino que vive em Paris, com quatro poemas escritos em árabe, por ele próprio traduzidos para francês, e daí para português por Bernardette Capelo; acrescentam-se dois poemas escritos originariamente em francês pela mesma tradutora. Sendo a primeira vez que a DiVersos inclui um autor de língua árabe, introduz-se assim um novo motivo de interesse do ponto de vista também visual e tipográfico. Esteve prevista a inclusão de mais duas línguas, mais dois alfabetos diferentes, tâmil e malaiala, ambos da Índia, com um poema de Lathaprem Sakhya, poetisa do Kerala, que, por dificuldades técnicas tiveram que ficar adiados para o n.º 34 da DiVersos, assim o esperamos. Para concluir este sumário, uma nota de pesar pelo falecimento de dois poetas que nos honraram com a sua presença, um deles, Pedro Tamen, no n.º 13, em junho de 2008, outro, José Pascoal, no n.º 30-31, de novembro de 2020. A eles dedicamos este número 33. Em sua memória.

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