Um convite a colaborar feito a Eduarda Chiote resultou em algo nunca antes acontecido na DiVersos: a publicação de poesia inédita de um só autor ao longo de 26 páginas. O conjunto que recebemos na sequência desse convite, Fiat Lux, além de notável, não era suscetível de ser fragmentado por meio da escolha de apenas alguns poucos dos seus 36 poemas. Deixar Fiat Lux de lado seria impensável – restou publicá-lo na íntegra, com a consciência de assim prestarmos um serviço à poesia de língua portuguesa.
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EIA – Evidências, Inscrições, Aforismos
Aos deuses todos, humilde e reverente
Meu culto presto.
E se a conta estiver certa
Nada falta nem há resto.
Cristino Cortes, EIA
À Sombra dos Grandes Animais Extintos
«Receita-me o sintomatologista
comprimidos, dizendo: por enquanto
isto.
O que preciso Dr., devia ter dito,
O que preciso Dr. é de palavras boas
como uma faca na mesa para cortar o pão
e umas mãos que pousem verdes as azeitonas
Um sorriso que acompanhe o vidro baço e grosso
com o vinho que as mesmas mãos plantaram
O que preciso Dr., devia ter dito, é de uma palavra
boa
como uma onda calma espumejando nos pés.
Por enquanto os comprimidos, diz-me o especialista
acreditando – quem sabe – que a ciência da conversa
pode germinar bondades
como um sol açucarando os frutos.»
Helena Filas Afonso, À Sombra dos Grandes Animais Extintos
Maravilhar-se – Reaproximar a Criança da Natureza
Este livro constitui, para além do seu enorme interesse específico em matéria de educação e natureza, uma homenagem à Autora, nos 50 anos (1962 – 2012) da edição de Primavera Silenciosa (Silent Spring), o livro que mais celebrizou duradouramente Rachel Carson, publicado pela primeira vez em setembro de 1962.
O Pequeno Mal
O Pequeno Mal é constituído por 51 poemas, escritos entre 2006 e 2011. Aconselha-se a pessoas que gostem de vinho, de imaginar que existem quatro estações, do mar, de árvores, de música, de vinho outra vez e, moderadamente, de outras pessoas. Aconselha-se, portanto, e no geral, a seres humanos. O título do livro é uma consideração sobre a poesia, particularmente do lado de quem a faz, que pode ou não ter directamente a ver com o tipo de poemas que lá se encontram. Da mesma maneira, ao longo do livro, fala-se num soldado duas vezes e não é certo que seja o mesmo em ambas.
Sol Nascente
São desenhos-escrita que deslizam pela página, textos sem texto dentro e textos de texto-pensar. É isso que Sibila Madzalik de Moraes faz em Sol Nascente, o seu primeiro livro – tenta captar a durabilidade do instante, escreve totalidades em redução, cria imagens-luz. Fragmentário, o discurso foge àquilo que poderia ser considerado narrativa visual, transformando-se em poema-folha, pedaço de mina, onde se solta, contida, a mudez da autora, ou melhor a sua escuta do silêncio, escuta de olhar intacto.
Ana Marques Gastão, no prefácio
Barbaridades
Barbaridades é pleno de uma escrita mais imagética que loquaz, carregada de segundos sentidos e referências – em voga no século XXI – ao ser humano enquanto apologista do prazer a curto prazo.
Safra do Regresso
Suplemento extemporâneo a Flor De Um Dia, é o subtítulo desta Safra do Regresso. Regresso do autor da última (1991-2005) de várias permanências no estrangeiro, e que se quis definitivo. Flor De Um Dia – Poesia Inédita Reunida, publicada neste mesmo editor em maio de 2009, integra toda a poesia escrita e retida pelo autor entre 1960-61 e 2005. Em Safra do Regresso recolhem-se poemas escritos sobretudo após fechada a compilação de Flor de Um Dia e que retomam algumas das vozes a que se alude no primeiro poema dessa recolha. Dada a continuidade temática e formal de cada uma das muito diversas vozes assumidas, o leitor interessado pode fazer desta Safra do Regresso, livro pequeno e que se lê depressa, um prólogo à leitura ou releitura de Flor De Um Dia como se fosse ainda o mesmo livro.
O Segundo Aceno
Um primeiro livro, mas um livro de maturidade plena. De grande unidade formal, exprime uma visão muito fina das relações intersubjetivas e das eternas complexidades do amor, da linguagem e da literatura.
Pedro e Inês – Dolce Stil Nuovo
Para além de referências históricas e literárias, a desmontagem do mito de inês, a releitura das personagens. A claridade e a limpidez da poesia de Dempster são, por si só, fatores de deslumbramento, alinhando este livro com os mais belos representantes da tradição inesiana.